terça-feira, 21 de setembro de 2010

Moinhos, dos vários que por cá há, um grande bem hajam.


Ao ver a Oficina de Cabelos, julgo ser este o nome, no 30 Minutos do Canal Um, acordei em tempos de Cova da Moura, Moinho da Juventude, e outras Associações, quase minhas. No meio de sonhos estranhos tenta-se caminhar, se é que lhe podemos chamar sonhos, que sonhos são projecções, e quer queiram, quer não queiram, existem cabeças que projectam pouco, para não dizer que não projectam nada. Não que a competência nem lá esteja, que competências, todos temos, uns mais desenvolvidas, outros menos, mas a génese sempre existe. Apenas e só não encontra encaixe, tal e qual Pedro Strech descreve num dos seus grande livros, ao qual chamou e bem, Crescer Vazio. Nem será fácil crescer vazio, já crescer cheio de tudo, afectos, sentimentos e emoções, tanto tem que se lhe diga, quanto mais crescer sem nada disso, ou seja, vazio de coisas boas, estado não raras vezes aguçado e espicaçado de más sensações, incutidas por tratos violentos e famílias perturbadas, que chegam a inundar o terrível espaço do nada, de sentimentos sofridos, experiências nefastas, e uma panóplia de atrocidades, que atafulham as mentes frágeis e itinerantes, que nem encontram caminhos, nem encontram vidas, nem encontram nada.
Não me interessa muito quem diz que não vale a pena o esforço, quem acha que quem se esvazia não mais se enche, ou ainda quem diga que para encher um ou dois, nem sequer compensa o empenho. Ou melhor, nem me interessa nada, que quem assim fala, nem sabe o que diz, que se soubesse, ganharia um sorriso, daqueles, de orelha a orelha, por cada percurso construído, por cada obstáculo vencido, por cada vida encaminhada. Porque há por ai quem não saiba, mas seguir caminho inverso nem sequer é fácil, não é natural, exige esforço, e quem nasce no sítio errado, tem a vida dificultada. Há no entanto que crer. E crer, é sobretudo sentir, que um nascimento no sítio errado, é apenas e só um nascimento no sítio errado, e que com as devidas adaptações, esforços e uniões, a possibilidade de inverter rumos existe, por impossível que pareça, por distante que possa estar.
Para isso, é necessário o empenho efectivo deste tipo de Associações, todas elas sem fins lucrativos, que muito se dedicam, e que tantas vidas sacam, ao roubo, à droga e à marginalidade, quando já nada parece resultar, quando a vida perde o sentido, quando o estado oco se assume de vez. Porque são elas que entram no meio, nos sítios onde todos ou quase temos medo de entrar, porque ali existe gente vazia, que nem bem se sabe o que consegue fazer, e o melhor é deixa-las estar.
E então elas escolhem encher.

1 comentário:

  1. Ajudar a sonhar? Ampliar horizontes? Ouvir e confiar? Nme sei! Do fundo da minha alma gostava de ajudar... nem sei bem como!
    Bejico

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